quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Seletividade é sinónimo de Especialização

Misturar sempre foi um verbo associado a pouca seriedade e nenhuma distinção. Quantas vezes já ouviu comentários sobre uma pessoa, observou que ela se mistura muito? Ou sobre um profissional, que declarou que ele mistura as coisas? Um jovem desportista disse-me uma vez:

Um empresário aluno nosso, confidenciou-me que saiu de uma conhecida academia de ginástica porque “havia muita mistura”.
A mesma frase foi usada por uma elegante senhora para justificar o seu afastamento de uma outra entidade que trabalhava com yoga e também oferecia massagem, florais, dança do ventre e outros cursos.
 - Não gosto de mistura – disse ela.
Note bem: nada contra cada uma dessas modalidades. O problema é a mescla.
O pai de um nosso instrutor, em conversa connosco, aconselhou o filho e outras pessoas presentes:
 - Façam um trabalho honesto e o público saberá valorizar. Não façam misturas. Misturar não é sério. Imagine uma papelaria que resolvesse vender presunto!
Eu diria mais: imagine ir a um médico e descobrir que ele também faz leitura da mão. Tudo bem se for a um quirologista e ler a sua mão. É a sua profissão. Mas se o seu advogado o fizesse, a credibilidade dele despencaria.
Quanto menos misturar coisas, melhor. Quanto menos misturar alimentos, melhor será a sua digestão e menos engordará. Quando menos misturar desportos, melhor será o seu desempenho naquele, ao qual dedicar mais tempo. Quanto menos misturar bebidas, menos vexame e menos ressaca. A regra geral serve para tudo. Leia a esse respeito o capítulo sobre Egrégora no nosso livro Quando é Preciso Ser Forte.
Certa vez estava na minha sala e escutei duas pessoas a pedir informações na recepção da nossa escola.
 - Aqui vocês têm massagem?
A recepcionista respondeu que não, que somos especializados no Método DeRose.
 - E astrologia?
A jovem repetiu a mesma resposta. Falaram sobre outros temas e mais adiante insistiram:
 - E Tai-Chi? Não têm cursos de Tai-Chi?
Nesse ponto levantei-me e fui lá fora para tentar esclarecer melhor que somos especializados no Método DeRose e a nossa maneira de trabalhar não encoraja a mescla das filosofias ou metodologias entre si. Mas, felizmente, não deu tempo. Quando me fui aproximando uma delas disse:
 - Ah! Que bom! Fico muito contente que vocês só tenham Método DeRose aqui. Nós vemos tanta mistura que ficamos até ressabiadas… Compreende, não é?
Por isso, selecione, escolha, filtre. Quando eleger um amigo, seja totalmente dedicado e não se imiscua com os desamigos dele, seria uma grosseiria. Há um ditado que diz: amigo de amigo meu é meu amigo. Mas existe um outro provérbio que complementa: inimigo do meu inimigo é meu amigo. Ambos fazem referência à seletividade.
Não misture Mestres. Quando escolher um Mestre, não cometa adultério com outro(s) Mestre(s).
Não misture livros. Ler tudo o que lhe cai ás mãos só por tratar-se supostamente de uma filosofia ou de outra, arte ou ciência que presume ser correlata, é um comportamento imaturo.
Não seja uma pessoa leviana, inconstante nem dispersiva. Aprenda a ser seletivo e leal. Isso faz parte das boas maneiras".
Texto extraído do livro: Boas Maneiras no Yôga de DeRose

- Eu era aluno de karatê do fulano. Mas ele começou a misturar…

Sem comentários:

Enviar um comentário