O QUE É O YÔGA?
Será uma ginástica? Uma
religião?
Uma luta? Arranjo floral (Ikebana)?
Uma luta? Arranjo floral (Ikebana)?
Certa
vez um famoso bailarino improvisou alguns movimentos instintivos, porém,
extremamente sofisticados graças ao seu virtuosismo e, por isso mesmo,
lindíssimos. Essa linguagem corporal não era propriamente um ballet, mas,
inegavelmente, havia sido inspirada na dança.
A
arrebatadora beleza da técnica emocionava a quantos assistiam à sua
expressividade e as pessoas pediam que o bailarino lhes ensinasse sua arte. Ele
assim o fez. No início, o método não tinha nome. Era algo espontâneo, que vinha
de dentro, e só encontrava eco no coração daqueles que também haviam nascido
com o galardão de uma sensibilidade mais apurada.
Os
anos foram-se passando e o grande bailarino conseguiu transmitir boa parte do
seu conhecimento. Até que um dia, muito tempo depois, o Mestre passou para os
planos invisíveis. Sua arte, no entanto, não morreu. Os discípulos mais leais
preservaram-na intacta e assumiram a missão de retransmiti-la. Os pupilos dessa
nova geração compreenderam a importância de tornar-se também instrutores e de não
modificar, não alterar nada do ensinamento genial do primeiro Mentor.
Em algum momento na História essa arte ganhou o nome de integridade,
integração, união: em sânscrito, Yôga! Seu fundador ingressou na mitologia com
o nome de Shiva e com o título de Natarája, Rei dos Bailarinos.
Esses
fatos ocorreram há mais de 5000 anos a Noroeste da Índia, no Vale do Indo, que
era habitado pelo povo drávida. Portanto, vamos estudar as origens do Yôga
nessa época e localizar sua proposta original para podermos identificar um
ensinamento autêntico e distingui-lo de outros que estejam comprometidos pelo
consumismo ou pela interferência de modalidades alienígenas e incompatíveis.
Tanto
o Yôga, quanto o Tantra e o Sámkhya* foram desenvolvidos por esse povo
admirável. Sua civilização, uma das mais avançadas da antiguidade, ficou
perdida e soterrada durante milhares de anos, até que os arqueólogos do final
do século XIX encontraram evidências da sua existência e escavaram dois
importantes sítios arqueológicos onde descobriram respectivamente as cidades de
Harappá e Mohenjo-Daro. Depois, foram surgindo outros e outros. Hoje já são
milhares de sítios, distribuídos por uma área maior que o Egito e a
Mesopotâmia.
Ficaram
impressionados com o que encontraram. Cidades com urbanismo planejado. Ao invés
de ruelas tortuosas, largas avenidas de até 14 metros de largura, cortando a
cidade no sentido Norte-Sul e Leste-Oeste. Entre elas, ruas de pedestres, nas
quais não passavam carros de boi. Nessas, as casas da classe média tinham dois
andares, átrio interno, instalações sanitárias dentro de casa, água corrente!
Não se esqueça de que estamos falando de uma civilização que floresceu 3.000
anos antes de Cristo.
Não
era só isso. Iluminação nas ruas e esgotos cobertos, brinquedos de crianças em
que os carros tinham rodas que giravam, a cabeça dos bois articulada, bonecas
com cabelos implantados, imponentes celeiros que possuíam um engenhoso sistema
de ventilação, e plataformas elevadas para facilitar a carga e descarga das
carroças.
Noutras
culturas do mesmo período, as construções dos soberanos apresentavam opulentos
palácios e majestosos túmulos reais, enquanto o povo subsistia em choupanas
insalubres. Na cultura dravídica, ao contrário, o povo vivia bem e a
arquitetura da administração pública era despojada.
Outra
curiosidade foi expressada por Gaston Courtillier em seu livro "Antigas
Civilizações", Editions Ferni, página 24, quando declarou: “Ficamos
verdadeiramente admirados de, nesses tempos profundamente religiosos, não
encontrarmos templos ou vestígios da estatuária que os povoaria, como foi regra
noutros lugares durante toda a antiguidade, nem sequer estatuetas de adoradores
em atitude de oração diante de sua divindade”. Para nós isso faz sentido,
afinal, sabemos que na Índia Antiga o Sámkhya teve seu momento de esplendor. E
na Índia pré-clássica, a variedade Niríshwarasámkhya, foi ainda mais fortemente
naturalista que o Sámkhya Clássico.
Sua
sociedade foi identificada como matriarcal, o que também está coerente com as
nossas fontes, segundo as quais o Yôga surgiu numa cultura tântrica.
Cavando mais, os arqueólogos descobriram outra cidade sob os es-combros da
primeira. Para sua surpresa, mais abaixo, outra cidade, bem mais antiga.
Cavaram mais e encontraram outra cidade embaixo dessa. E mais outra. E outra
mais. O que chamava a atenção era o fato de que, quanto mais profundamente
cavavam, mais avançada era sua tecnologia, tanto de arquitetura quanto de
utensílios. Até que deram com um lençol d’água e precisaram parar de cavar mais
fundo. O que nos perguntamos é: quantas outras cidades haveria lá por baixo e
quão mais evoluídas seriam elas?
Bem,
foi nessa civilização que o Yôga surgiu. Uma civilização tântrica (matriarcal)
e sámkhya (naturalista).
Cerca
de mil e quinhentos anos depois, a Civilização do Vale do Indo foi invadida por
um povo sub-bárbaro proveniente da Europa Central, os áryas ou arianos. Consta,
na História atual, que estes subjugaram os drávidas, destruíram sua
civilização, absorveram parte da sua cultura, exterminaram quase todos os
vencidos e escravizaram os poucos sobreviventes. Outros fugiram, migrando para
o extremo sul da Índia e Srí Lanka, onde vivem seus descendentes até hoje,
constituindo a etnia Tamil.
Gostou?
Leia mais no livro Tratado de Yôga!
Sem comentários:
Enviar um comentário