sexta-feira, 8 de abril de 2011

A Relação Mestre-discípulo

Existem diferenças entre ser aluno e ser um discípulo. O aluno é aquele que se dirige à escola para aprender algumas práticas com o seu instrutor. Já o discípulo, é aquele que já alcançou um patamar acima, é um praticante avançado que assumiu o compromisso e aceita a interferência de um Mestre no seu universo comportamental.
O aluno poderá optar em progredir até se tornar num discípulo e enveredar à formação profissional, desde que seja aprovado nos testes que permitem a Passagem de Grau, conforme os requisitos expostos no livro: «Escala Evolutiva» do Mestre Sérgio Santos. O que mais prezamos no aluno é o seu carácter, comportamento e a capacidade de bom relacionamento humano.

Conforme a disposição e auto-entrega de cada indivíduo, motivado pela sua livre e espontânea vontade em desejar galgar na sua evolução, as exigências por parte do seu instrutor, tendem a aumentar.
Ao longo deste caminho evolutivo, o conhecimento será passado através do param-pará (transmissão oral) e do gupta vidyá (conhecimento secreto).
A relação Mestre-discípulo é preservada através da identificação, da disciplina sem ser imposta e por todos os bons sentimentos que nutrimos por essa pessoa.
Duas principais qualidades para se ser discípulo são a lealdade e a fidelidade.
Compreendemos que uma pessoa seja leal, aquela em que podemos confiar e é digna de cumprir e assumir os compromissos. Defende o seu Mestre e mantém a sua palavra. Serve com honra e orgulha-se em afirmar-se como discípulo do seu Mestre.
Uma pessoa fiel é aquela que defende as suas raízes e não corrompe as suas tradições. Transmite o conhecimento sem deturpações e sente uma elevada pressão para ensinar fielmente, tal como o conhecimento que lhe foi passado, receando em tornar-se num “mau discípulo”. Portanto, se aprimorará para fazer “boa figura” face ao que lhe foi entregue em mãos.
As três fases do discípulo
Na nossa filosofia assim como na maior parte das tradições antigas e iniciáticas, o discípulo atravessa por três fases:
A primeira fase denomina-se gurusêvá que é o serviço ao instrutor ou Mestre. Através de um conjunto de tarefas voluntárias, são avaliados comportamentos como a sinceridade, a vontade em querer aprender sem questionar, e a satisfação ao cumprir as tarefas que lhe forem atribuídas.
A sua auto-entrega ao cooperar e participar é um pujá efectivo que brota sob a forma de um forte sentimento de satisfação, gratidão, admiração e afecto incondicional.
A segunda fase é o param-pará, a “transmissão oral”. Refere-se ao modo pelo qual o verdadeiro conhecimento é passado de Mestre a discípulo, de boca-a-ouvido através dos tempos.
A terceira fase é o kripá, que designa o toque do Mestre que transmite força ou benção. Termo sânscrito que pode também ser traduzido como favor, graça. É o toque físico que transmite a força e o poder das tradições ancestrais aos discípulos que têm revelado mais lealdade. Não quer com isto dizer, que após se ter recebido um kripá se tenha ultrapassado as fases anteriores. Os discípulos, principalmente os mais adiantados, vivenciam cada vez mais com orgulho, satisfação e afecto cada uma das três fases.
Ao longo desta caminhada surgem vários obstáculos que todo o instrutor, monitor e Mestre deseja que o seu aluno, monitorado ou discípulo, supere e não desista. Onde a persistência, determinação, tolerância e resistência são fundamentais, bem como a capacidade de se erguer quando caí no chão. E é detentor de uma sede aguda em melhorar e aprimorar-se enquanto ser humano e um aprendiz na arte de agilizar o seu ego.


 Etianette Melo
Instrutora do Método DeRose/Discípula do Mestre DeRose desde 2009

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